Introdução:
O recente “tarifaço” dos Estados Unidos, que impôs sobretaxas de 50% sobre diversos produtos brasileiros, abalou a confiança de exportadores e trouxe um novo desafio para a economia nacional. Enquanto setores como café, frutas, carnes e bens industriais buscam alternativas para driblar as barreiras, o governo brasileiro corre contra o tempo para implementar medidas de apoio e manter a competitividade. Essa disputa comercial chega em um momento sensível: o país avança na implementação da Reforma Tributária e do novo IVA dual, que estará plenamente vigente até 2033. O choque externo pode influenciar debates sobre alíquotas, regimes especiais e incentivos fiscais, especialmente para segmentos estratégicos.
1. O que é o “Tarifaço” dos EUA ao Brasil?
Desde 6 de agosto de 2025, os Estados Unidos passaram a aplicar uma sobretaxa de 50% sobre determinadas exportações brasileiras — especialmente café, frutas e carnes — afetando cerca de 35,9% dos produtos exportados, o equivalente a 4% das exportações totais do Brasil.
2. Contexto da Reforma Tributária brasileira e do IVA (CBS + IBS)
A Reforma Tributária, estabelecida pela Emenda Constitucional nº 132/2023, começa a ser implementada gradualmente em 2026, com o novo IVA dual:
- CBS (federal) substituirá PIS, Cofins e IPI;
- IBS (estadual/municipal) substituirá ICMS e ISS.
- A transição vai até 2033, quando os tributos antigos deixam de existir.
Além disso, foi inserida uma "trava" no IVA: se a alíquota ultrapassar 26,5% até o final da transição (2033), haverá revisão obrigatória via projeto de lei.
3. Qual a possível influência do "Tarifaço" nesse cenário?
- Impacto econômico e pressões orçamentárias;
- A elevação abrupta de tarifas pode gerar pressão por políticas compensatórias ou estímulos fiscais internos — possivelmente impactando as discussões sobre alíquotas, benefícios ou prazos na Reforma;
- Revisão de alíquotas do IVA;
- Caso a economia sofra efeito adverso — como queda nas exportações ou retração do PIB —, isso pode gerar alegações de que uma alíquota elevada (p.ex., acima de 26,5%) no IVA poderia agravar o cenário, tornando a “trava” ainda mais relevante;
- Reordenamento de cadeias e incentivos fiscais;
- Setores impactados (como agroexportadores) poderão pressionar por ajustes no modelo tributário, seja via regimes específicos, crédito tributário facilitado ou prorrogação de isenções temporárias. Esses incentivos afetam diretamente a base tributável do IVA;
- Política externa e interna influenciando decisões fiscais;
- A guerra comercial pode desencadear um ambiente em que o governo brasileiro revisite cronogramas ou percentuais de alíquotas — seja para mitigar impactos internos ou para reivindicar maior resiliência do sistema com base no ICAO dual.
Portanto:
- O “Tarifaço” cria choques externos que impactam setores exportadores, gerando potencial risco de retração econômica.
- Esse ambiente pode provocar reequilíbrios na definição das alíquotas do IVA, da trava de 26,5% e dos regimes específicos previstos pela Reforma.
- Ou seja: embora o “Tarifaço” não altere formalmente o calendário da Reforma, ele pode acelerar discussões sobre ajustes na aplicação prática do IVA, especialmente em setores estratégicos.
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